Friday, June 20, 2008

Índios querem ser recebidos pelo papa
Dois representantes de tribos de Roraima chegam à Europa e buscam apoio do Vaticano para reserva
Jamil Chade
Os grupos indígenas de Roraima querem o envolvimento do Vaticano na definição de suas terras na reserva Raposa Serra do Sol. Ontem, dois representantes de tribos da região iniciaram sua turnê pela Europa, que passará por seis países. “Estamos em uma missão diplomática. Queremos que o papa Bento XVI conheça nossa situação e possa nos dar apoio”, afirmou a coordenadora da Organização de Professores Indígenas de Roraima, Pierlangela Nascimento da Cunha, representante da tribo uapixana.O grupo, ajudado por entidades internacionais, fez um pedido de audiência ao Vaticano a fim de poder encontrar o papa ainda neste mês. “Gostaríamos que ele entendesse o que estamos passando”, disse a representante dos uapixanas. O Vaticano ainda não deu uma resposta. Mas o objetivo dos grupos é que pelo menos a Santa Sé seja informada do que está ocorrendo no Norte do Brasil por meio de documentos que estão enviando.“O importante é que nossa terra não seja reduzida. Isso abriria um precedente perigoso para todas as tribos no Brasil. Isso é o que queremos que o Vaticano saiba. Não queremos que outros falem por nós. Queremos ser ouvidos e pedir o envolvimento do papa”, ressaltou Pierlangela.Jacir José de Souza, fundador do Conselho Indígena de Roraima e representante indígena macuxi, contou que há mais de dez anos esteve com o papa João Paulo II para explicar a situação. “Naquela época já era complicada. Hoje, continuamos lutando”, disse. “Estamos fazendo essa viagem para solicitar aos cidadãos, governos e juízes europeus que nos apóiem urgentemente em nossa petição ao Supremo Tribunal Federal, para que ratifique e faça cumprir o decreto de homologação de nossa terra, firmado em 2005, e que determine a retirada dos invasores.”PETIÇÃOOntem, os líderes indígenas dos povos macuxi e uapixana estiveram com a vice-presidência do governo espanhol e hoje se reúnem com deputados e ainda entregam uma petição de entidades como Caritas, Entreculturas, Manos Unidas, Survival International e Uyamaa à embaixada do Brasil em Madri. Em Londres, o grupo ainda espera ser recebido em um show pelo cantor Carlinhos Brown. Os indígenas ainda irão à Comissão Européia, em Bruxelas, e têm encontro marcado em Paris com Danielle Mitterand, ex-primeira-dama francesa.
O Estado de São Paulo

ONU defende fim de paternalismo
Jamil Chade
A alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Louise Arbour, diz que os povos indígenas no Brasil precisam participar das decisões de Estado que os afetem. “Precisamos acabar com o padrão paternalista que sempre existiu no mundo.”A crise na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, está chamando a atenção dos organismos internacionais e de governos estrangeiros. Na ONU, o tema também entrou na agenda e a entidade já enviou pedidos para que o Brasil explique a crise. “Autodeterminação não significa que cada povo indígena tem o direito de ter seu próprio país. Mas garante que cada um deles tenha voz nas decisões de Estado que os afeta”, explicou Louise. “Um dos problemas é que sempre há alguém que decide o que é melhor para os grupos indígenas. Isso precisa acabar e os grupos precisam fazer parte de todas as decisões que os impacte.”
O Estado de São Paulo

Bush quer que EUA voltem a explorar petróleo em alto-mar
Restrição foi imposta pelo Congresso em 1982 para evitar dano ambiental
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pediu ontem ao Congresso americano para revogar a proibição de extrair petróleo da plataforma continental do país em alto-mar, conforme estabelecido por uma regra em vigor há mais de 25 anos.Nessa faixa, há 18 bilhões de barris de petróleo, quase dez vezes mais que a produção anual do país, segundo Bush. Para ele, a restrição “é antiquada e contraproducente”. O presidente fez seu apelo ao Congresso um dia depois que o candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos, John McCain, propôs o mesmo durante discurso em Houston, capital petrolífera do país.Os dois mudaram sua posição sobre o assunto diante da preocupação dos americanos com o preço da gasolina, que superou o marco psicológico dos US$ 4 por galão, equivalente a 3,78 litros.McCain defendeu a proibição em sua campanha presidencial de 2000, quando perdeu a candidatura republicana para Bush, algo que o grupo do democrata Barack Obama se apressou a lembrar.O novo parecer do candidato republicano o coloca em uma posição desconfortável, pois McCain tentou se apresentar como um candidato “verde”, um combatente do aquecimento global que criticou a passividade de Bush nessa questão.“É algo muito triste que uma pessoa que, durante anos, tenha se manifestado favorável às soluções contra a mudança climática, tenha mudado completamente de opinião. Estamos muito decepcionados”, disse Javier Sierra, porta-voz do Sierra Club, a maior associação ambientalista dos Estados Unidos.O pedido para construir plataformas petrolíferas na área territorial americana em alto-mar pode causar problemas a Bush nas reuniões familiares. A restrição, que o Congresso impôs em 1982 pelo impacto das instalações no meio ambiente, foi reafirmada em 1990 por uma proibição do Executivo assinada pelo pai do atual presidente, George H. W. Bush.Além disso, Jeb Bush, o irmão do governante americano, se opôs às explorações quando era governador da Flórida. George W. Bush prometeu revogar o decreto do pai se o Congresso não mudar a regra.DISPUTANo entanto, os sinais não são animadores. Harry Reid, o líder dos democratas no Senado, disse em comunicado que alcançar as jazidas de alto-mar não reduzirá o preço da gasolina. Para ele, a proposta “representa outro grande presente para as companhias petrolíferas, que já embolsam milhões de dólares em lucro”.Na mesma linha se manifestou a presidente da Câmara Baixa, a democrata Nancy Pelosi. O pedido de Bush abre uma nova frente na batalha dialética entre os dois lados sobre o que fazer para diminuir o sofrimento dos cidadãos em um país com um transporte público muito deficiente.Líderes democratas no Congresso querem estabelecer um imposto aos lucros “extraordinários” das companhias petrolíferas e, com isso, financiar o desenvolvimento de energias alternativas. Também propuseram mais controles da especulação financeira no mercado da energia. Por sua parte, os republicanos defendem, em geral, aumentar o bombeamento doméstico, ma não há um apoio completo às posições de Bush.Arnold Schwarzenegger, governador da Califórnia, um Estado onde o que não é “verde” é visto como um animal raro, rejeita a prospecção petrolífera na plataforma continental californiana.A mesma posição tinha sido mantida pelo governador da Flórida, Charlie Crist, até horas depois do discurso de McCain, quando mudou de idéia. Crist é citado como um dos nomes na lista da campanha de McCain de possíveis candidatos à vice-presidência.
O Estado de São Paulo

Política de Obama preocupa Brasil
Embaixador brasileiro em Washington reuniu-se com assessor de política externa do democrata
Patrícia Campos Mello
O embaixador do Brasil em Washington, Antonio Patriota, criticou ontem dois pontos da política externa do candidato democrata, Barack Obama: o aval para o governo da Colômbia “caçar” guerrilheiros dentro do território de países vizinhos e a crítica do candidato democrata a respeito da atuação do Brasil na Amazônia.Em um relatório de 13 páginas sobre a América Latina, a equipe de Obama afirma que “a liderança do Brasil em biocombustíveis causa certa preocupação”. “Ambientalistas temem que a alta da demanda por cana-de-açúcar possa empurrar os plantadores de cana para o interior da Amazônia”, diz o documento.Patriota esteve reunido na terça-feira com Anthony Lake, principal assessor de Obama para política externa e ex-conselheiro de Segurança Nacional do ex-presidente Bill Clinton. Apesar dos pontos polêmicos, ele disse que o candidato democrata apóia uma reforma no Conselho de Segurança da ONU e aprova a atuação do Brasil no Haiti. O embaixador ficou bastante animado com a conversa e afirmou que Obama pretende se aproximar do Brasil. Obama divulgou ontem os nomes de sua equipe de política externa. Além de Lake, também estão no time os ex-secretários de Estado Madeleine Albright e Warren Christopher, o ex-secretário de defesa William Perry, o senador Sam Nunn (cotado para a vaga de vice) e o ex-deputado Lee Hamilton. Obama pretende consultar com freqüência os integrantes do grupo e ontem fez sua primeira reunião com eles. De acordo com especialistas, daí sairá boa parte das pessoas que formarão um eventual governo Obama.“A abordagem do presidente Bush para política externa tem como base a ideologia e nós vamos ser mais pragmáticos”, disse Obama. “Estamos lutando em duas guerras, no Iraque e no Afeganistão, e continuamos a enfrentar graves ameaças, não apenas de terrorismo, mas também de proliferação nuclear, mudanças climáticas, pobreza, genocídio e doenças”, afirmou Obama. A campanha democrata recebeu ontem com entusiasmo a divulgação de pesquisas de opinião que colocam Obama à frente do republicano John McCain nos Estado do Maine (55% a 33%), Wisconsin (52% a 43%), Virgínia (47% a 45%), Pensilvânia (52% a 40%), Ohio (48% a 42%) e Flórida (47% a 43%). No Alasca, onde os democratas até hoje só venceram uma vez, McCain tem uma pequena vantagem: 45% a 41%.
O Globo

Revitalização da Zona Portuária
O governador Sérgio Cabral assinou ontem com a Prefeitura de Hamburgo, na Alemanha, um acordo de cooperação para a recuperação da Zona Portuária. Hamburgo está desenvolvendo o maior projeto portuário da Europa. Técnicos alemães devem vir ao Rio no segundo semestre.

No comments: