Tuesday, September 26, 2006

Ecossistemas do Brasil


O Brasil, ocupando um território de 8,5 milhões de km2 e situado em região tropical, é constituído por ambientes diversos, produtos da história geológica e da influência humana recente. Esses ambientes correspondem em princípio às províncias fitogeográficas descritas no início do século XIX por Carl F. P. von Martius, botânico que iniciou também a monumental Flora Brasiliensis. Os padrões sofreram alterações pela ação humana, mas são aceitos até hoje, quando modernas técnicas de sensoriamento remoto monitoram o meio físico brasileiro.
As várias regiões botânicas do Brasil foram chamadas pelo nome atribuído a elas pelos indígenas, pelos portugueses e pelos primeiros naturalistas. A Floresta Amazônica - a Hiléia do naturalista alemão von Humboldt, abrange os estados do Pará, Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia e Roraima e está presente também em países vizinhos: Guianas, Suriname, Venezuela, Equador, Peru e Bolívia. No Brasil, ocupa aproximadamente 3,5 milhões de km2.

A bacia amazônica é formada por inúmeros rios de grande tamanho, carregando águas barrentas, águas pretas ou águas claras. Conhecida como abrigo da maior biodiversidade do mundo, a Floresta Amazônica é formada basicamente por matas de terra firme, que se encontram fora da influência direta dos rios, sem sofrer inundações; matas de várzea, alagadas pelos rios de água barrenta na estação das cheias; e matas de igapós, inundadas quase permanentemente por rios de água preta. Manchas de cerrado existem entre as florestas, assim como clareiras de vegetação pobre e campinas ou campinaras sobre as manchas de areias.

Milhares de espécies de peixes endêmicos são ligados à rede fluvial amazônica e atuam na reprodução das plantas que margeiam os rios. O endemismo amazônico é mundialmente conhecido e é especialmente rico em primatas, aves, abelhas, borboletas, peixes e outros animais. Destacam-se, entre outros, o sagüi-leãozinho, o menor primata do mundo, a preguiça real, a cotia preta, a pacarana, o peixe-boi, o boto cor de rosa, o uirapuru verdadeiro e o galo da serra.

Cerca de 40% do território brasileiro é formado pela Amazônia. O processo de colonização desta vasta região necessita de uma política apropriada de manejo sustentável, inclusive para evitar um dos seus grandes e atuais problemas, que é o das queimadas. Atualmente monitoradas todos os dias e sob constante vigilância, estas constituem-se em um dos problemas decorrentes do processo de colonização da parte sul da Amazônia e da necessidade do estabelecimento de uma política do uso do solo.

A seguir temos os cerrados, vegetação de savana, que já ocupou 25% do território brasileiro, no Centro-oeste do País e nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e parte dos estados de São Paulo, Paraná, Maranhão e Piauí. O cerrado aparece em locais com solos profundos, pouco estratificados, lixiviados e pobres em resíduos orgânicos, geralmente do tipo latossolo. Uma estação seca de três a sete meses traz marcas à região, provocando o desaparecimento da vegetação herbácea, a queda de folhas dos arbustos de troncos tortuosos e cascas grossas. Uma das árvores do cerrado, o ipê (Tabebuia ochracea), foi declarada a árvore símbolo do Brasil.

Os rios de cerrado geralmente não secam, mantendo ao seu redor uma mata ciliar. O lençol subterrâneo passa a 15-20 metros de profundidade ou até mais. Atualmente, o cerrado tem sido utilizado para a agricultura de soja, com bastante sucesso, após melhorias em suas condições químicas. Sendo uma região aberta, tem uma fauna típica de mamíferos herbívoros, aves de chão e muitos répteis. O manejo do cerrado inclui o uso do fogo, e a vegetação é adaptada à sua passagem. Em um cerrado bem preservado as árvores atingem altura de 8 a 10 metros. Cerca de 2 milhões de km2 do território brasileiro são ocupados por cerrados. Devido ao sistema subterrâneo de suas plantas, ele se recompõe rapidamente após as freqüentes queimadas.

Encravado entre o cerrado e o chaco boliviano está o Pantanal, formado por enchentes dos rios da bacia do rio Paraguai. Trata-se de uma das áreas de maior potencial turístico do Brasil e da maior área alagável do mundo. Ocupa uma grande extensão, com cerca de 150 mil km2, na maior parte no Estado do Mato Grosso do Sul. São as riquíssimas populações de peixes, de aves e de mamíferos que caracterizam o Pantanal: os tuiuiús, as emas, as capivaras, as ariranhas, as onças etc. Entre os répteis destacam-se os jacarés e as sucuris.

A caatinga ou o sertão brasileiro é uma região semi-árida, muito seca, compreendendo parte dos estados da Bahia, Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão. Ocupa cerca de 700 mil km2. O regime anual de chuvas na caatinga é imprevisível. Portanto é uma região muito adaptada à vida em condições de baixa umidade, com uma vegetação xerofítica típica. A caatinga sofreu grande devastação no passado, devido inclusive ao uso de lenha como combustível e à ausência de replantio. Os solos são freqüentemente rasos e muito pedregosos.

O ambiente de maior biodiversidade no Brasil e que se encontra sob a maior ameaça é a Mata Atlântica. Ocupando hoje cerca de 5% da área original, estimada em 1,5 milhões de km2, acompanha de perto o litoral brasileiro, do Rio Grande do Norte até o início de Rio Grande do Sul. Foi o primeiro ambiente a ser usado pelos colonizadores portugueses. O nome do país, Brasil, vem de uma árvore, o pau brasil (Cesalpinia echinata), explorada pelos indígenas e pelos colonizadores para extração de um pigmento vermelho.

Esta mata ainda pode ser larga em certos trechos, nos estados do Paraná e de Santa Catarina. Em outros locais ocupa principalmente a estreita faixa da escarpa atlântica, formada de rochas cristalinas. A Mata Atlântica é uma floresta pluvial montana, ocupando principalmente montanhas com altitudes de 800 a 1700 metros. Sofre a influência dos ventos marinhos, os alísios, que ao subirem a encosta da serra se resfriam, condensando-se e provocando a neblina da Serra do Mar. Chove então cerca de 2000mm por ano nesta serra; em algumas regiões, como em Boracéia (Estado de São Paulo), até 4000mm por ano. A umidade destas áreas vai depender da distância entre elas e o mar. Em algumas o frio noturno é considerável. Na Mata Atlântica, as temperaturas médias variam de 14° C a 21° C; a mínima absoluta, no Sul do País, pode chegar a -6° C. Temperaturas mais altas chegam a 35° C.

A grande umidade possibilita uma rica flora de musgos e samambaias, além de inúmeras epífitas, tais como orquídeas e bromélias. Algumas árvores, como o jequitibá rosa, chegam a 40 metros de altura. Palmeiras são comuns, destacando-se entre elas o palmito. As áreas mais altas apresentam os campos de altitude. Entre 300 e 800 metros de altitude há outro tipo de floresta, com árvores mais baixas, até 25 metros.

A rica fauna endêmica é caracterizada principalmente por borboletas multicolores, por sapos e pererecas, muitas espécies de aves e mamíferos silvestres. O muriqui (Brachyteles arachnoides), um gênero endêmico de primatas, é o maior macaco do continente. Há espécies de abelhas nativas importantes para a polinização do dossel, como a gurupu (Melipona bicolor).

Enquanto os vários tipos de lavouras e a indústria carvoeira causam a destruição da Mata Atlântica, as culturas do cacau aproveitam-se da cobertura vegetal. Atualmente em grave crise econômica e fitossanitária, esta lavoura está sendo alvo de programas conservacionistas que visam diminuir a destruição das matas para a venda de madeiras, promovida pelos fazendeiros em dificuldades financeiras. Uma Reserva da Biosfera da Unesco, recém-estabelecida, abrange áreas de alto grau de preservação da Mata Atlântica.

A mata de araucárias, floresta subtropical do Sul do País, já ocupou cerca de 15% do território brasileiro. Hoje está muito devastada, por se encontrar em área de grande desenvolvimento agrícola e industrial. O pinheiro Araucaria, a espécie caraterística, sofreu muito com os cortes pela indústria madeireira. Ainda ocorrem amostras da floresta com Araucaria nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Muitas espécies desta floresta, tais como a samambaia xaxim, a gralha azul ou a jacutinga, chegaram hoje à beira da extinção. Os pinheiros ocorrem também em mosaico com a vegetação atlântica semi-decídua, nas áreas de transição.

No interior brasileiro, e tipicamente em rochas, existem muitas cavernas, ricas em formações geológicas e que abrigam uma interessante fauna de peixes e crustáceos cegos.

Outro importante ambiente é o manguezal, floresta de entremarés formada por poucas espécies de árvores, mas que tem um papel fundamental como fonte de alimentos para a fauna marinha. O Brasil é especialmente rico em manguezais, já monitorados por satélites. Ao lado destes, nos solos de aluviões arenosos, há freqüentemente uma vegetação de restinga, mata de baixo porte e arbustiva que ocupa terrenos arenosos.

Ocupando áreas territoriais menos expressivas mas ecologicamente relevantes, temos os campos rupestres, os cocais do Norte, os campos do Rio Grande do Sul, as praias arenosas e rochosas, entre outros ambientes que caracterizam e enriquecem o Brasil. Os arrecifes de Abrolhos, pequena área de arrecifes de corais, tem a maior taxa de espécies endêmicas de corais e de fauna marinha associada.

Enchentes do Pantanal


A diferença de nível das águas entre as estações de seca e de cheias é em média de apenas quatro metros, mas, devido à pouca declividade, a maior parte do Pantanal pode ficar alagada. Nos anos de grandes cheias, as águas ultrapassam o nível dos seis metros. Nestas ocasiões, as águas de rios como Paraguai, Cuiabá, São Lourenço, Taquari e Miranda, assim como seus inúmeros afluentes, saem de seus leitos e inundam enormes áreas. Estas formam uma densa rede de lagoas, baías e baixadas alagadas, interligadas por cursos de águas perenes - os corixos - ou efêmeras. Somente os terrenos altos, chamados cordilheiras, além de poucas ilhas e locais mais elevados, escapam à inundação. Alguns morros isolados de rocha pré-cambriana, os "inselbergs", sobressaem-se entre os pântanos. Um destes é o Morro do Azeite, às margens do Rio Miranda.
Quando as águas voltam ao normal, várias baías e lagoas permanecem, enquanto outras secam. Uma rica vegetação de ervas espalha-se pelas baixadas, aproveitando a camada de lodo nutritivo deixada pela inundação. Existem também pequenas baías de água salgada. Em cada ciclo de precipitação-evaporação, os sais minerais acumulam-se, resultando em certa salinização dos solos e de algumas baías. A gradativa evaporação das águas nas lagoas é marcada por anéis brancos de depósitos de sal de soda (carbonato de sódio). A concentração de sais nestas baías, em locais como a região de Nhecolândia, chega a ser próxima àquela das concentrações marinhas.

A Caça


O difícil acesso protegeu até recentemente o Pantanal do impacto humano, e somente nas últimas décadas este começou a ser explorado por caçadores de peles de ariranha e de jacaré. Hoje em dia, a caça ilegal e o contrabando de peles de jacaré estão, de maneira geral, sob controle, e as fazendas de criação de jacarés estão se multiplicando. A caça desordenada dos veados, das capivaras e dos baguás, animais considerados transmissores de doenças, das aves piscívoras e granívoras, das cobras e das onças, constitui perigo direto para a diversidade biológica regional.
A pesca comercial do Pantanal tornou-se um problema ambiental sério, com a chegada dos barcos e dos caminhões frigoríficos. Até a pesca esportiva, cada vez mais intensa, precisa de fiscalização severa. Este é o caso principalmente nos meses da piracema, quando as fêmeas sobem os rios até as cabeceiras, tornando-se presas fáceis. Existem cotas individuais por pescador amador, porém o número de pescadores turistas aumenta com a crescente facilidade de acesso ao Pantanal.

As aves do Pantanal


A fauna das aves aquáticas e paludículas (que vivem em lagoas) do Pantanal está entre as mais ricas do mundo, com muitas espécies de patos e marrecos filtradores de pequenos animais e de algas, entre os quais o irerê é o mais comum e abundante na região.
Alguns dos patos pertencem à fauna típica do sistema Paraná-Prata. O tachã, ou a "sentinela do Pantanal", animal peculiar da América do Sul e parente distante dos anatídeos, pode facilmente ser visto nos campos de gramíneas ou empoleirados nas copas das árvores, onde permanece durante horas.
Várias espécies de garças e socós formam grandes colônias nas árvores da mata ciliar. A maior espécie de nossas garças é a maguari. Embora tenha hábito solitário, é comum encontrar grupos de garça-branca-grande junto com a garça-branca-pequena. Cada uma é especializada na caça de várias presas, como peixes, anfíbios e pequenos répteis, em diferentes zonas das lagoas, durante o dia ou no crepúsculo. Ajaia ajaja, o lindo colhereiro cor-de-rosa, é um filtrador especializado.

A cegonha, o cabeça-seca e o tuiuiú alimentam-se de insetos, caranguejos, caramujos, rãs e peixes, que recolhem nas águas rasas e em lodos. O tuiuiú é um dos símbolos do Pantanal. Os seus ninhos isolados em árvores se destacam na paisagem pantaneira.

Esse variado conjunto de aves aquáticas tem estratégias de caça e dietas diversas. O biguá, por exemplo, caça peixes nadando e mergulhando; a biguatinga, com seu pescoço serpentiforme, usa o bico pontiagudo para "espetar" os peixes. Já o gavião-caramujeiro é um "especialista" na caça de caramujos, sendo dependente da existência dos gastrópodes, principalmente do aruá.



Cerrado


Cerrado é o nome regional dado às savanas brasileiras. Cerca de 85% do grande platô que ocupa o Brasil Central era originalmente dominado pela paisagem do cerrado, representando cerca de 1,5 a 2 milhões de km2, ou aproximadamente 20% da superfície do País. O clima típico da região dos cerrados é quente, semi-úmido e notadamente sazonal, com verão chuvoso e inverno seco. A pluviosidade anual fica em torno de 800 a 1600 mm. Os solos são geralmente muito antigos, quimicamente pobres e profundos.
A paisagem do cerrado é caracterizada por extensas formações savânicas, interceptadas por matas ciliares ao longo dos rios, nos fundos de vale. Entretanto, outros tipos de vegetação podem aparecer na região dos cerrados, tais como os campos úmidos ou as veredas de buritis, onde o lençol freático é superficial; os campos rupestres podem ocorrer nas maiores altitudes e as florestas mesófilas situam-se sobre os solos mais férteis. Mesmo as formas savânicas exclusivas não são homogêneas, havendo uma grande variação no balanço entre a quantidade de árvores e de herbáceas, formando um gradiente estrutural que vai do cerrado completamente aberto - o campo limpo, vegetação dominada por gramíneas, sem a presença dos elementos lenhosos (árvores e arbustos) - ao cerrado fechado, fisionomicamente florestal - o cerradão, com grande quantidade de árvores e aspecto florestal. As formas intermediárias são o campo sujo, o campo cerrado e o cerrado stricto sensu, de acordo com uma densidade crescente de árvores.

As árvores do cerrado são muito peculiares, com troncos tortos, cobertos por uma cortiça grossa, cujas folhas são geralmente grandes e rígidas. Muitas plantas herbáceas têm órgãos subterrâneos para armazenar água e nutrientes. Cortiça grossa e estruturas subterrâneas podem ser interpretadas como algumas das muitas adaptações desta vegetação às queimadas periódicas a que é submetida, protegendo as plantas da destruição e capacitando-as para rebrotar após o fogo. Acredita-se que, como em muitas savanas do mundo, os ecossistemas de cerrado vêm co-existindo com o fogo desde tempos remotos, inicialmente como incêndios naturais causados por relâmpagos ou atividade vulcânica e, posteriormente, causados pelo homem. Tirando proveito da rebrota do estrato herbáceo que se segue após uma queimada em cerrado, os habitantes primitivos destas regiões aprenderam a se servir do fogo como uma ferramenta para aumentar a oferta de forragem aos seus animais (herbívoros) domesticados, o que ocorre até hoje.

A grande variabilidade de habitats nos diversos tipos de cerrado suporta uma enorme diversidade de espécies de plantas e animais. Estudos recentes, como o apresentado por J.A.Ratter e outros autores em "Avanços no Estudo da Biodiversidade da Flora Lenhosa do Bioma Cerrado", em 1995, estimam o número de plantas vasculares em torno de 5 mil; e que mais de 1.600 espécies de mamíferos, aves e répteis já foram identificados nos ecossistemas de cerrado (Fauna do Cerrado, Costa et al., 1981). Entre a diversidade de invertebrados, os mais notáveis são os térmitas (cupins) e as formigas cortadeiras (saúvas). São eles os principais herbívoros do cerrado, tendo uma grande importância no consumo e na decomposição da matéria orgânica, assim como constituem uma importante fonte alimentar para muitas outras espécies animais.
Por outro lado, a pressão urbana e o rápido estabelecimento de atividades agrícolas na região vêm reduzindo rapidamente a biodiversidade destes ecossistemas. Até meados de 1960, as atividades agrícolas nos cerrados eram bastante limitadas, direcionadas principalmente à produção extensiva de gado de corte para subsistência ou para o mercado local, uma vez que os solos de cerrado são naturalmente inférteis para a produção agrícola. Após esse período, porém, o crescimento urbano e industrial da região Sudeste forçou a agricultura para o Centro-oeste. A mudança da capital do País para Brasília foi outro foco de atração de população para a região central. De 1975 até o início dos anos 80, muitos programas governamentais foram lançados com o propósito de estimular o desenvolvimento da região do cerrado, através de subsídios para o estabelecimento de fazendas e melhorias tecnológicas para a agricultura, tendo, como resultado, um aumento significativo na produção agropecuária.

Atualmente, a região do cerrado contribui com mais de 70% da produção de carne bovina do País (Pecuária de corte no Brasil Central, Corrêa, 1989) e, graças à irrigação e técnicas de correção do solo, é também um importante centro de produção de grãos, principalmente soja, feijão, milho e arroz. Grandes extensões de cerrado são ainda utilizadas na produção de polpa de celulose para a indústria de papel, através do cultivo de várias espécies de Eucalyptus e Pinus, mas ainda como uma atividade secundária.

A conservação dos recursos naturais dos cerrados é representada por diversas categorias de unidades de conservação, de acordo com objetivos específicos: oito parques nacionais, diversos parques estaduais e estações ecológicas, compreendendo cerca de 6,5% da área total de cerrado (Cerrado: caracterização, ocupação e perspectivas, Dias, 1990). Entretanto, esta extensão é ainda insuficiente e mais unidades de conservação precisam ser criadas para proteger a biodiversidade que ainda preserva.



Economia



Desde meados dos anos 70, intensificou-se no Pantanal a economia agropecuária. Hoje, com cerca de 4 milhões de cabeças de gado, a região tornou-se importante produtora de carne. De maneira geral, a cultura do gado não é considerada prejudicial ao ambiente. A imprevisibilidade das grandes enchentes, no entanto, limita o tamanho dos rebanhos e os mantém dentro dos limites de uma economia ecologicamente sustentável. Na ausência de outros mamíferos pastadores, além dos poucos cervídeos, os bois Nelore não são competidores da fauna original. Eles se tornaram parte integral da paisagem pantaneira
As culturas de arroz, cana-de-açúcar e soja prejudicaram o ambiente pantaneiro. Barragens, canais e aterros que drenam terrenos para a agricultura, além do desmatamento do cerrado, levam ao assoreamento de rios, como o Taquari, e interferiram na piracema. Ultimamente, várias ervas exóticas são espalhadas por semeadura aérea, tais como a Brachiaria africana, para aumentar o rendimento do pasto.

O Pantanal é uma grande bacia de captação e evaporação de águas e vários cuidados devem ser tomados para preservá-lo da poluição. Um exemplo é o que ocorre com o mercúrio utilizado na lavagem de ouro pelos garimpeiros do rio Poconé: seus sais tóxicos acumulam-se nas baías em quantidades cada vez maiores; os peixes espalham o mercúrio e a taxa deste metal prejudicial à saúde, nos tecidos dos peixes do Pantanal, aumenta a cada ano. O vinhaço das usinas de álcool do Mato Grosso e a poluição na metrópole de Cuiabá acumulam-se também nesta grande bacia de sedimentação.

Um dos grandes perigos ambientais para o Pantanal inteiro é o projeto da hidrovia, planejada conjuntamente pelo Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina. Para facilitar o acesso da navegação marinha e fluvial até Cáceres, no Alto Rio Paraguai, a calha do rio deverá ser aprofundada, os meandros, cortados, e o contato entre o rio e os pântanos, restringido por diques.

Para garantir a saúde desse ecossistema é fundamental manter e ampliar suas áreas preservadas. Existem, atualmente, uma pequena Estação Ecológica, a da ilha de Taiamã, e o Parque Nacional do Pantanal. A fiscalização destas imensas áreas é difícil, principalmente pela falta de recursos financeiros e de pessoal adequado.

Uma atividade promissora e compatível com a sobrevivência desse ambiente único é o chamado turismo ecológico. A rodovia Transpantaneira, parcialmente completa, assim como a estrada Miranda-Corumbá, facilitam o acesso de milhares de turistas e possibilitam o desfrute da riqueza faunística e paisagística do Pantanal. A indústria turística é um meio de despertar o interesse dos pantaneiros pela sobrevivência da fauna e flora da sua região. O crescente número de fazendas turísticas e de pousadas constitui bom exemplo de integração entre o turismo e a preservação ambiental do ecossistema.

As terras alagadas, no mundo inteiro, são sempre ricas em fauna. No caso especial do Pantanal, a vizinhança com a Amazônia e as características do meio físico o tornam uma das áreas de maior valor turístico e ecológico do Brasil. Atividades como criação de gado, capivaras ou jacarés são compatíveis com a preservação da área. Por outro lado, a ação de garimpeiros e iniciativas individuais que alteram a ecologia da paisagem, por meio da drenagem de pântanos e aterros extensos, entre outros, impossibilitam a manutenção da fauna e da flora abundantes e do potencial turístico. Considerado um dos paraísos terrestres, é de fundamental importância a manutenção e ampliação de suas áreas preservadas.


Impacto ambiental das Queimadas




O impacto ambiental das queimadas é um tema preocupante, pois envolve a fertilidade dos solos, a destruição da biodiversidade, a fragilização de agroecossistemas, a destruição de linhas de transmissão e outras formas de patrimônio público e privado, a produção de gases nocivos à saúde humana, a diminuição da visibilidade atmosférica, o aumento de acidentes em estradas e a limitação do tráfego aéreo, entre outros.

As queimadas interferem diretamente na qualidade do ar, na física, na química e na biologia dos solos, na vegetação atingida pelo fogo e indiretamente podem afetar os recursos hídricos. São muitos os tipos de queimadas, envolvendo vegetações diferentes. Uma pastagem adubada pode gerar determinados gases, em particular óxidos nítricos, em quantidade muito superior a de uma pastagem que não recebeu fertilizantes. As condições meteorológicas (presença de vento, temperatura ambiente), o relevo e a hora da queimada são condicionantes da temperatura atingida pelo fogo e do tempo necessário para a queima total do material vegetal disponível.

Em função da temperatura e do tempo, os gases gerados podem ter uma natureza muito diferente (mais ou menos oxidados). O mesmo ocorre no tocante à biologia do solo. Em função da hora da queimada (de dia ou de noite, ao meio-dia ou ao entardecer...), as reações fotoquímicas ao nível das emissões gasosas serão diferenciadas.

Não é possível generalizar sobre os impactos ambientais das queimadas, nem na Amazônia, nem no Brasil. Mas o fato da maioria das queimadas praticadas no Brasil ser de natureza agrícola, indica uma pequena contribuição de suas emissões de carbono no problema do efeito estufa. A maioria do carbono emitido pelas queimadas no inverno é retirado da atmosfera no verão, quando a vegetação está em fase de crescimento.

Dada a complexidade do tema e o caráter agrícola dominante das queimadas pode-se perguntar qual o custo-benefício dessa tecnologia da era neolítica utilizada amplamente pela agricultura brasileira. Nesse aspecto os contrastes nacionais são enormes. Um exemplo basta para ilustrar essa situação. São Paulo e Paraná respondem por quase 50% da produção agrícola nacional e contribuem em média com 2% das queimadas. Já o Mato Grosso, sozinho, contribui com quase 20% das queimadas do País (o dobro do total das regiões Sul e Sudeste juntas) para uma produção agrícola muito limitada.


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Queimadas ou Incêndios?



Nos países desenvolvidos de clima mediterrânico, como parte da França, Espanha, Grécia, Itália e Estados Unidos (Califórnia) são freqüentes os incêndios florestais nos períodos de verão. O mesmo ocorre em regiões subpolares, como nas áreas de tundra e de vegetação de coníferas do Alasca e da Rússia. Em países tropicais, as queimadas ocorrem no inverno, durante o período seco. No Brasil, este é um fenômeno generalizado na agricultura.

As queimadas estão associadas aos sistemas de produção mais primitivos, como os de caça e coleta dos indígenas. Mas também estão presentes na agricultura mais intensiva e moderna, como a da cana-de-açúcar, algodão e cereais. A falta de informação sobre a natureza e a ocorrência desta prática é grande, provocando confusão entre as queimadas tropicais e os incêndios florestais.

Mais de 98% das queimadas praticadas no Brasil são de natureza agrícola. O agricultor decide quando e onde queimar. É uma prática controlada, desejada e faz parte do sistema de produção. Os lavradores queimam resíduos de colheita, áreas de savana, pastagens nativas e plantadas e palha da cana-de-açúcar para facilitar a colheita. Já os incêndios florestais são de natureza acidental, indesejados e difíceis de controlar. Eles só ocorrem em vegetações propícias a esse tipo de fenômeno, como as florestas degradadas, entremeadas por arbustos e gramíneas, as matas de pinheiro araucária e a Floresta Atlântica caducifólia de planalto, encontrada nas regiões Sul e Sudeste do País.

Na Mata Atlântica e na floresta tropical úmida, um incêndio em vegetação primária é muito difícil de ocorrer e se propagar. O mesmo acontece com a vegetação da Caatinga. No período seco, a perda das folhas reduz o material comburente e a combustibilidade da parte lenhosa é pequena. As plantas continuam verdes e com grandes quantidades de água em seus tecidos. Pela mesma razão, incêndios florestais na Amazônia são quase impossíveis de acontecer.

Pesquisas realizadas pelo Núcleo de Monitoramento Ambiental NMA-Embrapa, em Rondônia, indicam ser necessários, em média, oito anos de queimadas consecutivas para que o fogo consuma todo o material lenhoso oriundo do desmatamento em pequenas propriedades rurais. Por essas razões, o monitoramento orbital das queimadas realizado no Brasil desde 1991, com base em imagens do satélite NOAA/AVHRR, indica que somente 30% das queimadas registradas no País ocorrem na Amazônia.



Queimadas


A dimensão das queimadas na região tropical tem provocado preocupação e polêmica em âmbito nacional e internacional. Elas estão em geral associadas ao desmatamento e a incêndios florestais, e, no caso do Brasil, onde ocorrem mais de 200 mil por ano, as pesquisas indicam que as queimadas são, na maioria das vezes, uma prática agrícola generalizada. Aproximadamente 30% delas ocorrem na Amazônia, principalmente no sul e sudeste da região.


O Brasil é um dos únicos países do mundo a dispor de um sistema orbital de monitoramento de queimadas absolutamente operacional. Dezenas de mapas de localização são gerados por semana, durante o inverno, e, neste trabalho, são apresentados dados quantitativos do monitoramento orbital das queimadas ocorridas na Amazônia. O monitoramento é fruto de uma colaboração científica multiinstitucional, envolvendo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Núcleo de Monitoramento Ambiental - NMA/EMBRAPA, a Ecoforça - Pesquisa e Desenvolvimento e a Agência Estado (AE). Os resultados estão sendo obtidos graças ao estudo diário de imagens dos satélites norte-americanos da série NOAA, de responsabilidade da U.S. National Oceanic and Atmospheric Administration.

O impacto ambiental das queimadas preocupa a comunidade científica, ambientalistas e a sociedade em geral, pois elas afetam diretamente a física, a química e a biologia dos solos, alterando, ainda, a qualidade do ar em proporções inimagináveis. Também interferem na vegetação, na biodiversidade e na saúde humana. Indiretamente, as queimadas podem comprometer até a qualidade dos recursos hídricos de superfície. Várias pesquisas científicas recentes estão ajudando a compreender a real dimensão deste impacto, em particular no caso da Amazônia

Pantanal um dos mais lindos Ecossistemas do Mundo





O Pantanal do Mato Grosso, com uma extensão de 250 mil km2, é a maior área alagável do mundo. O Pantanal é uma imensa bacia intercontinental, delimitada pelo Planalto Brasileiro, ao leste, pelas Chapadas Matogrossenses, ao norte, e também por uma cadeia de morros e terras altas do sopé Andino, a oeste. Portanto, ele pode ser considerado um grande delta interno, onde se acumulam as águas do alto Paraguai e as de grande número de rios que descem do Planalto. Através do rio Paraguai, o Pantanal está intimamente ligado à grande bacia do rio Paraná - rio da Prata. Conexões aquáticas difusas com afluentes amazônicos existem ao norte, especialmente com o rio Guaporé.
A drenagem deste delta interno pelo médio Paraguai, por meio da barra estreita e rasa do Fecho dos Morros do Sul, faz-se com muita dificuldade. Porém, enormes quantidades de água estagnada atrás desta barragem tornam o Pantanal um labirinto imprevisível de águas paradas e correntes, temporárias ou permanentes, designadas através de grande quantidade de termos específicos pelo homem pantaneiro. Nas lendas indígenas e nos primeiros mapas, o Pantanal é lembrado como um grande lago cheio de ilhas, o "mar dos Xaraiés".

Em anos chuvosos, como em 1984 ou em 1995, o rio Paraguai expande-se em uma faixa de até 20 km de largura, invadindo os grandes lagos da fronteira boliviana e a Ilha do Caracará, regenerando temporariamente o "mar dos Xaraiés" dos antigos climas chuvosos. O rio Paraguai e os outros rios pantaneiros apresentam pouca declividade, da ordem de 20-30 cm por quilômetro, o que faz com que as águas que se acumulam nos períodos de chuvas intensas escoem com muita lentidão. Em conseqüência, as enchentes, que são máximas ao norte nos meses de março e abril, chegam ao sul do Pantanal somente em julho e agosto. Enquanto isso, imensas quantidades de água, provavelmente centenas de quilômetros cúbicos por ano, perdem-se por evaporação direta para a atmosfera. O Pantanal pode ser, com justiça, considerado a maior "janela" de evaporação de água doce do mundo.

Toda a vida e a economia do Pantanal estão ligadas a este sistema de inundações. A região é um interessante paradoxo aquático em uma área de clima continental semi-árido ou mesmo árido. Sem o abundante e raso lençol freático e os aluviões deixados pelas enchentes, a vegetação terrestre seria parecida com a do cerrado ou com a do Chaco boliviano. Igualmente, a rica fauna de aves e mamíferos depende, na sua grande maioria, da alimentação aquática. O Pantanal pode ser visto, então, como uma grande e dinâmica interface entre o mundo aquático e o terrestre.

A vegetação aquática é fundamental para a vida pantaneira. As plantas flutuantes são os principais produtores primários nas águas do Pantanal. Imensas áreas são cobertas por "batume", que são plantas flutuantes, tais como o aguapé (Eichhornia) e a Salvinia, entre outras. Levadas pelos rios, estas plantas constituem verdadeiras ilhas flutuantes, os camalotes.

Após as inundações, a camada de lodo nutritivo permite o desenvolvimento de uma rica vegetação de ervas. A palmeira carandá (Copernicia australis) ocorre em extensas formações nas áreas em que as inundações dominam mas que ficam secas durante o inverno, permeando com os cupinzeiros, onde se inicia o paratudal. Os paratudais, formados pelos ipês roxos (Tabebuia, localmente chamado piúva), são típicos.

Numa região um pouco mais elevada, já com áreas não inundáveis, há uma vegetação característica de cerrado. Há ainda no Pantanal áreas com mata densa e sombria (com Piptadenia, Bombax, Magonia, Guazuma). Em torno das margens mais elevadas dos rios aparece a palmeira acuri (Attalea principes), formando uma floresta de galerias juntamente com outras árvores, como o pau-de-novato (Triplaris formicosa), a embaúba (Cecropia), o genipapo (Genipa) e as figueiras (Ficus). Em pontos altos dos morros aparece uma vegetação semelhante à da caatinga, com a bromeliácea Dyckia e os cactos cansanção e mandacaru (Cereus).

O passado geológico permitiu ao Pantanal constituir-se no maior entroncamento dos intercâmbios da flora e da fauna aquática da América do Sul. Atualmente é povoado por uma variedade de organismos amazônicos e sulistas. Sendo principalmente um corredor de intercâmbios, não abriga fauna endêmica rica, como a Amazônia, e são as quantidades e não as raridades que o caracterizam.
O Pantanal oferece ao visitante uma variedade de paisagens abertas povoadas por grandes populações de animais, cuja alimentação depende da fase aquática. Assim, nas lagoas, a microflora e a microfauna permitem o desenvolvimento de ricas populações de caramujos aruas (Pomacea, Marisa e outros) e de conchas (Anodontides, Castalia e outras), que sustentam uma variedade de predadores destes moluscos, como aves e répteis.

Os inúmeros cardumes de pitu (Macrobrachium) e as várias espécies do caranguejo (Trichodactylus, Dilocarcinus e outros) possuem importância econômica indireta: servem de iscas para os pescadores. Entre os peixes abundantes, há o corumbatá, o pacú, o cascudo, o pintado, o dourado, o jaú e as piranhas. Entre os comedores da vegetação aquática destacam-se as grandes populações de capivaras (Hydrochaeris, hydrochaeris) e de búfalos. O cágado (Platemys) é também vegetariano. A ariranha (Pteronura brasiliensis), importante predador piscívoro, outrora abundante, foi quase exterminada pelos caçadores. Destino semelhante pode ter o jacaré (Caiman crocodilus yacare), dizimado pela caça ilegal dos últimos anos.

Os jacarés têm papel importante nas águas pantaneiras, onde funcionam como predadores "reguladores" da fauna piscícola e, às vezes, como agentes relevantes da ciclagem de nutrientes. Onde há muitos jacarés são encontradas poucas piranhas. Quando os jacarés são dizimados pela caça indiscriminada dos "coureiros", a população de piranhas agressivas aumenta em detrimento de outras espécies de peixes, podendo chegar a ser perigosa até para os seres humanos.

Outro importante predador aquático e semi-terrestre é a sucuri (Eunectes notaeus), cobra injustamente perseguida pelos pantaneiros. As cobras são escassas no Pantanal, principalmente nas áreas inundáveis. Mas há cobras d'água (Liophis, Helicops), jararacas (Bothrops neuwiedii) e boipevaçu (Hydrodynaste gigas).

As aves do Pantanal são um de seus maiores atrativos. Reunidas em enormes concentrações, exploram os recursos alimentares aquáticos. O tuiuiú (Jabiru mycteria), a cabeça-seca (Mycteria americana) e o colhereiro (Ajaia ajaja), além das garças biguás e patos são os mais vistosos. Muitas espécies nidificam em áreas comuns, sobre determinadas árvores, conhecidas como ninhais, que se destacam na paisagem pantaneira. Um espetáculo admirável é acompanhar as aves, ao anoitecer ou ao amanhecer, aos dormitórios à beira dos rios, onde passam as noites.

Aves típicas do Pantanal são também o aracuã-do-pantanal (Ortalis canicollis), a arara-azul (Anodorhyncus hyacinthinus), que corre o risco de extinção, o periquito de cabeça preta (Nandayus nenday). O pequeno cardeal (Paroaria capitata) é ave característica deste ecossistema. A enorme abundância de aves de rapina, especialmente o caracará (Polyborus), refletem a riqueza da presa animal. O gavião caramujeiro (Rosthramus sociabilis) alimenta-se de moluscos.

Animais típicos do cerrado também se concentram em grande número no Pantanal, atraídos pela fartura de alimentos das áreas alagadas. São estas espécies que aparecem esparsas em outras áreas do continente. O cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), comum nas ricas pastagens úmidas, pode ser visto acompanhado por mais duas espécies de cervos do cerrado e por outros mamíferos, como o cachorro-vinagre (Speothus vinaticus), a anta (Tapirus terrestris), o caitetu (Tayassu tajacu) e a paca (Agouti paca). Encontram-se lá, ainda, o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), caçados intensamente.

Entre os primatas, o macaco-prego (Cebus apella) vive ali, ao lado do bugio (Alouatta caraya). Porcos monteiros, descendentes de suínos domesticados, também proliferam em meio à vegetação pantaneira densa. Assim como a onça (Panthera onca), vários outros felinos são atraídos pela abundância de presas. O predador de topo na beira das águas é a onça-pintada, junto a outros felídeos e canídeos. Entre as aves, a ema (Rhea americana) e a seriema (Cariama cristata) são típicos habitantes do cerrado. Naturalmente, a rica fauna oferece muitas oportunidades para as aves de rapina e para os comedores de carcaças.

As paisagens abertas do Pantanal facilitam o recenseamento aéreo das populações de grandes vertebrados. Estima-se, por exemplo, que existam hoje 10 milhões de jacarés, 600 mil capivaras, mas somente 35 mil cervos-do-pantanal.